o mar do poeta

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quinta-feira, junho 28

MISSÃO NO MAR DA CHINA

Para quem andou ou seu raalho está relacionado com o mar, sabe que nem sempre se apanha um mar de almirante, e quem é polícia marítimo fica sujeito a imensos precausos e não só, é um desses episódios que irei narra.

No já longínquo ano de 1989, andava eu embarcado comandando a vedeta de fiscalização da PMF, Bravo 1, o tipo de vedetas usadas pela Marinha Portuguesa até 1999, na costa argavia, tipo Albatroz.

Estavamos no dia 20 de Janeiro, encontrava-me de folga, tinha regressado a casa por volta das 23.00 horas, quando bateram à porta de minha casa, fui ver quem era, era um agente da PMF que me vinha transmitir uma ordem do Comandante da Divisão Mar, para que eu regressa=se a bordo o mais urgente possível, visto haver um trabalho a fazer, 

Ainda não tinha dormido nesse dia, e um pouco chateado, visto me encontrar de folga e só entraria de serviço pelas 09.00 horas do dia seguinte, lá me fui fardar e segui para a Doca D. Carlos I.

Quando lá cheguei deparei que na vedeta que eu comandava se encontrava o Comandante da Divisão, seu adjunto, um marinheiro electricista e apenas dois membros da minha guarnição, indo depois mais dois agentes que não faziam parte da guarnição que  embarcaram na vedeta.

Indaguei ao Comandate da Divisão Mar sobre o que se passava, tendo este informado que tinham desaparecido um catamarã com dois portugueses a bordo e tinhamos que bater toda a zona a sul de Coloane para os encontrar.

O mar estava tranquilo e lá seguimos sem  nos termos abastecidos de alimentos.

Começamos por patrulhar toda a costa da ilha de Colane mas nada foi encontrado, a sul desta ilha existem muitas ilhas pertencentes à República Popular da China, e foi para essas ilhas que rumamos, mas nada foi encontrado, embora até tivessemos desembarcado nessas ilhas num bote e percorrido toda a zona costeira, mas sem resultados positivos.

Seriam talvez umas 10 horas da manhã, e eu com um sono tremendo e o estomago a dar estalos, que recebemos uma chamada via rádio, de um avião patrulha da Força Aérea de Hong Kong, informando as cordenadas onde se encontrava o catamara.

Pegamos no mapa e verificamos que o catamarã se encontrava a 60 milhas do sul de Coloane num local que não usual servir de rota nem para os pescadores nem para os barcos comerciais, e para lá rumámos.


No recorte do jornal chinês Ou Mun  pode ver-se o avião que nos indicou o local onde se encontrava o catamarã, avião esse que nos acompnahou sempre até chegarmos ao local, cuja foto esta presente, o catamarã amarrado à vedeta, e na parte de baixo da notícia, um funciorário do Departamento de Segurança de Hong Kong informando os jornalista sobre a operação de busca por parte de uma vedeta da PMF. Quem souber ler chinês poderá ficar informado, visto que a notícia está lá.

Encontado o catamarã e recolhido para bordo os seus dois tripulantes que se encontravam quase desidratados e sofrendo já de hipotermia, os conduzimos para o alojamento do patrão, neste caso o meu alojamento, onde lhes foram prestados os primeiros socorros, e sendo-lhes dado a beber algumas bebidas quentes, tendo ficado junto deles um membro da tripulação.

O catamarã foi amarrado à popa da vedeta e fizemos inversão de marcha seguindo para Macau eram cerca das 11.15 horas, tendo o Comando da PMF sido informado de tudo, pelo que foi solicitada uma ambulância para os levar para o hospital, assim que a vedeta atracasse à Doca D. Carlos.

 O jornal de língua inglesa, Standard que se publicava em Hong Kong relatou desta forma a notícia.

 No caminho de regresso o mar começou a ficar encrepado passando para cavado, gerando ondas que passavam por mastro mais alto da vedeta, para quem conhece este tipo de vedetas, saberá que as mesmas não possuem o mínimo de conforto, já que quem for ao leme tem que ir de pé, já que o único banco na casa do leme se encontrava afastado do mesmo, e a visibilidade é quase nula, quando se é obrigado a navegar com o parabrisas fechado, isto é, normalmente com bom tempo se abre o parabrisas, mas com mau tem que ser fechado, caso contrário as ondas entram pela casa do leme .

Estava mesmo um péssimo tempo, a vedeta navegava a meio gás, e ainda bem longe de Macau veio onda forte onda embater no parabrisas partindo e o quadro eléctrico da vedeta causando um curto circuto, que foi prontamente apagado o fogo com o auxílio de um extintor, porém ficámos sem nos poder orientar pelo radar ou pela girabússula, ficando apenas a bússula para nos orientar em mar alto.



Com imenso esforço conseguimos prosseguir a rota e chegar a Macau eram  15.00 horas, na foto acima inserida, recorte de um jornal de língua chinesa, pode ver-se a vedeta com o catamarã a reboque, prestes a atracar ao cais da Doca D. Carlos I.


 Os dois tripulantes do catamarã a desembarcarem, podendo ver-se o articulista a ajudar um deles a descer da vedeta.


O único jornal de língua portuguesa publicado em Macau deu esta notícia, com alguns erros grassos, visto que o catamarã foi encontrado não a 40 milhas a SW de Macau mas sim a 60, e não forma cinco navios que tomaram parte nesta operação mas somente a Vedeta Bravo 1 sobre o meu comando.
No recorte do jornal pode  ver-se os dois tripulantes do catamarã falando com o Chefe do Estado Maior das Forças de Segurança, bem como o catamarã amarrado à popa da vedeta.


O jornal de língua chinesa OU Mun deu enfase a esta operação, e no recorte do jornal, pode ver-se o Comandate da PMF falando com os dois naufragos, e igualmente o catamarã amarrado à popa da vedeta.



Igualmente o jornal de língua chinesa, Va Kio Pou, deu enfase à notícia.

Os dois portugueses no dia anterior, ou seja dia 20 de Janeiro, sairam do clube náutico de Cheoc Van, Coloane, num catamarã, não levando nenhum aparelho de comunicações, navegavam a sul de Coloane quando se partiu um estai do catamarã e não podendo contralar a embarcação a mesmo foi levada pelas correntes para mar alto, pelas 17.30 horas, o encarregado do centro náutico não vendo regressar a embarcação, deu o alarme avisando os Serviços de Marinha, que prontamente enviou para Coloane uma vedeta classe Bravo, mas nada tendo encontrado regressou à Doca de D. Carlos I passava pouco das 20.00 horas.

Felizmente que tudo decorreu da melhor forma e os dois tripulantes do catamarã foram resgatados vivos.

Com a vedeta atraca à Doca D. Carlos I solicitei uma viatura para ir a casa afim de ir buscar os condimentos para o dia, sendo o pedio rejeitado pelo adjunto do comandante da divisão mar, o que me obrigou a ser rispido e o manda à merda, dizendo-lhe que não sairia para o serviço enquanto não tivesse mantimentos a bordo, visto que se saisse só regressaria no dia seguinte, esse tal adjundo era um parvo, não acatei a recusa dele e segui numa viatura da PMF, indo buscar as sardinhas que tinha preparadas e outros comdimentos, já que eu para além de ser o patrão da vedeta era igualmente o cozinheiro.

Quando regressei à Doca e estando completa a minha guarnição, mandei preparar um bidon vazio e ali mesmos foram assadas as sardinhas e ali ficámos até à hora de jantar, só depois de bem comidos sai para o serviço, o adjunto esse não mais quis conversas comigo.

Volvidos uns dias fui chamado ao gabinete do Comandate da Divisão Mar, não mpara levar algum raspanete, mas sim para me informar que os senhores M. Queiroz, advogado e R. Peixoto, biologista, tinha indo até aos Serviços de Marinha agradecer todo o trabalho que a PNF tinha sido para os encontrar e convidar o Comandante da Divisão Mar e o articulista para um jantar.

Indagando junto do Comandate da Divisão Mar se eramos sós nós que iriamos ao jantar e tendo recebido resposta afirmativa, disse ao Comandante que só iria se o pessoal da minha guarnição também fosse, pedido esse que foi rejeitado e como tal não compareci nem sei onde se realizou o jantar.




 Assim andei eu durante vários anos, mas não mais voltei com o tempo, para desespero de minha saudosa e amada Mãe. esta a vida de um marinheiro.







9 comentários:

Prof.Ms. João Paulo de Oliveira disse...

Estimado confrade e amigo António Cambeta!
Grato por nos brindar com mais uma das suas lembranças do tempo que estava sob a égide de Netuno!!!!
Caloroso abraço! Saudações marítimas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP

Henrique António Pedro disse...

Li com entusiasmo mais este magistral relato, que nos dá um ideia real de com era a vida da Macau portuguesa.

Parabéns

Abraço

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Confrade e Ilustre Prof. João Paulo,
Vinte e cinco anos na PMF, uma corporação de 3 em 1, já que para além de sermos polícias, eramos marinheiros e alfandegários, durante esses anos fiz de tudo um pouco, e como se pode deduzir no artigo exposto, os portugas eram assim naquela época, mas para contrariar havia cá um alentejano que não se dobrava e seguia em frente, com o apoio de Netuno.
Mais um caso que deu muito ue falar.
Abraço amigo

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo e Ilustre Poeta Henrique Pedro,
Macau era assim naqueles tempos, e como tal tive que travar imensas guerras, saindo sempre vitorioso e de que me muito me orgulho.
Os portugas faziam o que qeuriam e bem lhes apetecia e nós eramos os escravos desses senhores.
Mas muitos outros casos se passaram que muito deram que falar é que Cambeta só havia um e mais nennhum.
Abraço amigo

Anônimo disse...

Recordar é viver!!!!
Continue, continue a narrar o passado.
Abração
José Martins

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo José Martins,
Aos poucos vou tentando dar a conhecer como eram as coisas em Macau e principalmente na PMF.
Abraço amigo

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo José Martins,
Aos poucos vou tentando dar a conhecer como eram as coisas em Macau e principalmente na PMF.
Abraço amigo

Frederico Salvo disse...

Um relato de encher os olhos e a imaginação dos leitores. Parabéns, amigo, não só pela escrita, mas principalmente pela bravura. Abraço.

Frederico Salvo disse...

Um relato de encher os olhos e a imaginação dos leitores. Parabéns, amigo, não só pela escrita, mas principalmente pela bravura. Abraço.