o mar do poeta

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quinta-feira, maio 24

MEMÓRIAS DE UM AGENTE EM MACAU - LIÇÕES DE SAMPANA

Continuando narrando a instrução que nos foi ministrada. Andava embarcado como referi no artigo anterior, o serviço era de 24 horas, e no dia seguinte para passar o enjoo, o cansaço e o sono, tinhamos que ir para Doca D. Carlos I para termos duas horas de aulas na aprendizagem de remo, numa sampana, que é um embarcação chinesa, usada pelos pescadores.

O Mestre dos Serviços de Marinha, era um velho lobo do mar, uma pessoa simpática e super conhecedora das artes nauticas, era o Mestre Belmiro.

Colocou-nos à disposição uma sampana que tinha sido apreendida dias antes, quando transportava imigrantes ilegais para Macau, foi nessa sampana que eu e um camarada, pesos pesados embarcamos.

Eu e meu camarada, este nem sequer sabia nadar, lá começamos a remar nas turvas e mal cheiorsas águas da doca. O meu camarada depressa se cansou de remar, e eu lá tive que aguentar por mais hora remando, fazendo um esforço super humano, esforço esse reconhecido pelo Mestre Belmiro que acompanhava os nossos movimentos.

Já totalmente estoirado, e após mais de uma hora remando de lado para lado, solicitei ao Mestre Belmiro para dar a aula por terminada, visto estarmos exuastos e ainda não tinhamos tomado o pequeno almoço, pedido este aceite pelo Mestre, remando de seguida para a rampa afim de desembarcar-mos.

Encostada a sampalha à muralha, rápidamente saltei para terra, o meu camarada em vez de saltar para terra, apoiou as mãos na muralha fazendo afastar a sampana. Como se encontrava de pé, desiquilibrou-se e foi borda fora caindo nas turvas águas, ficando enterrado no lodo mal cheiros, de cabeça para baixo, porque a maré estva bem baixa.

Ao ver o sucedido não pude conter as gargalhadas... embora pareça rídicula esta situação, com um camarada uniformizado de pernas para o ar e a cabeça no lodo, não me ocorreu na altura qualquer ideia em o ir ajudar.

Foi quando uma vóz áspera se fez ouvir. Era um Oficial de Marinha, que da janela de sua casa, situada na doca, me chamou à atenção para auxiliar o meu camarada.

Com um croque bastante comprido consegui voltar o meu camarada o que lhe permitiu segurar no mesmo e o puxar para a muralha. Vinha totalmente coberto de lodo fedorento, sem boné que tinha ficado ali enterrado.

O Oficial comunicou ao meu camarada para se dirigir a sua casa para tomar um duche e vestir um "macacão".

Telefonei parao Comando solicitando uma viatura para levar o meu camarada para casa, devido ter sido vítima de um acidente inesperado, durante a instrução.

Este caso acabou por ser muito falado servindo de lição para todos os que andam no mar sem se empenharem totalmente no seu esforço e trabalho.

O incidente serviu ainda de lição a meu canmarada, mas infelizmente por pouco tempo, lento no raciocínio e preguiçoso no agir, sofreu mais tarde vários acidentes que reportarei na devida altura.

Terminava desta maneira, e de uma maneira um pouco inglória, a primeira lição de aprendizagem de remos em sampanas, e o fim da nossa aprendizagem a bordo das vedetas, que só durou um dia.

Assim foi dada por finda a instrução aos novos agentes da PMF.






4 comentários:

Catarina disse...

As coisas acontecem...
Pobre homem que devia ter apanhado um susto!

Pedro Coimbra disse...

Acho que vamos nós também ter aqui umas lições :))))
Aquele abraço

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimada Amiga Catarina,
Volvidos que são 45 anos desde que o caso aconteceu, ainda hoje me riu e acho que foi bem merecido o mergulho no lodo, o tipo era um preguiças dos diabos e eu é que tinha que alombar a remar.
Volvidos uns anos estamos ambos embarcados e aconteceu algo parecido rsrsrs.
Abraço amigo

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo Pedro Coimbra,
Ao longo dos meus 25 anos na PMF aprendi imensas lições e vi muita corrupção, para esse que se encheram de dinheiro devem ter aprendido bem a lição, tal Isaltino, e anda a gozar dessa fortuna ilegalmente adquirida, é assim já.
E o professor era eu para limpar a casa.
Abraço amigo