o mar do poeta

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sexta-feira, fevereiro 25

NA ROTA DOS CANHÕES 13a. Parte

Wednesday, July 30, 2008

NA ROTA DOS CANHÕES - MANUEL BOCARRO - O GRANDE FUNDIDOR

Parte 13ª
Em Abril de 1646 Siqueira de Sousa embarca a bordo do Galeão S. João Pérola, escoltado pelo Santo André. Em 24 de Julho chegaram a Macau e a 10 de Agosto tomam rumo ao Japão. Porém um violento tufão a cerca de trinta léguas de Nagásak, obrigou-os a regressar a Macau. No ano seguinte a 8 de Julho as duas embarcações fazem-se ao mar com destino ao Japão onde aportam sem problemas na viagem. No mesmo dia da chegada tentou, a missão diplomática, fazer os primeiros contactos com as autoridades japonesas, mas não teria sido uma recepção agradável, oferecida a Siqueira de Sousa. O embaixador de Portugal enfrenta uma série de dificuldades; alguns vexames à mistura e resolve voltar a Macau a 4 de Setembro e a sua missão gorada de refazer o reatamento das relações comerciais com o Japão.Em Fevereiro ou Março os dois navios regressam a Goa, onde teriam aportado nesse ano. A 19 de Janeiro de 1649 os dois galeões tomaram o rumo a Lisboa, onde o Santo André nunca chegariam, devido ao mau tempo, foi arrastado até à costa da galiza e os espanhois tomaram conta dele apresando-o. Segundo N. Valdez dos Santos, não se encontraram documentos se os dois navios tivessem carregado de Macau para Goa peças de artilharia, mas em Maio de 1645, o galeão S.Pedro o Grande e a caravela Nossa Senhora da Oliveira e Santo António, mas só este navio, embora fosse "embarcação piquena" carregou dez peças de artilharia, possivelmente de ferro pois, segundo o que escreveu o vice-rei D. Francisco de Mascarenhas "António Fialho...trazendo lhe a bordo artelharia e balas de V. Mag.de as não quis receber per ocupar o galião antes cõ carga de particulares, e de alguns que sem licença se vierão meter nelle" e, no entanto havia em Goa tanta esperança e necessidade que o galeão S.Pedro trouxesse de Macau o maior número possível dos canhões fundidos por Manuel Tavares Bocarro. De toda a documentação consultada só se referenciou o envio, de Macau para Goa, entre 1640 e 1645, de uma dezena de canhões, transportados na pequena caravela Nossa Senhora da Oliveira e Santo António. Foi possível que, a bordo dos galeões, tivessem sido enviadas mais peças de artilharia, até para servirem de lastro, mas, certamente que teriam sido em número relativamente reduzido porquanto o transporte de passageiro e suas bagagens deveria ter a prioridade e preenchendo o espaço dos porões. Aventa-se a hipótese que os dez canhões transportados na caravela Nossa Senhora da Oliveira e Santo António tivessem sido, em Goa, transbordados para o galeão Sacramento que iria partir para o Reino. O galeão Sacramento que está, intimamente, ligado às peças de artilharia fundidas pelo Manuel Tavares Bocarro e começa aqui a história da grandeza que viria a reverter em tragédia e um dos maiores naufrágios, com perda de vidas, que viria sofrer o galeão Sacramento na sua última viagem de Goa para o Reino. No ano de 1635, quando Ruy Dias da Cunha, capitão-mor de Baçaim, fez um contrato com o vice-rei da Índia pelo qual se comprometia, em nome da cidade de sua capitania, a construir dois galeões de alto bordo. O mais pequeno destes navios teria ficado concluído, no tocante às obras do casco, em meados de 1639, tendo sido lançado à água ainda nesse ano. Em 9 de Fevereiro de 1640, depois de ter sido aperfeiçoado e forrado seguiu para Goa, com uma equipagem escolhida entre os melhores marinheiros, a reboque de fustas, levando a seu bordo "toda a madeira necessaria para ali se acabarem de todo". Em Março o casco deste navio fundeou em Surrate e, no mês seguinte, rumou Goa, onde chegou nos primeiros dias de Outubro, três dias antes da esquadra holandesa, sob o comando de Domicus Bouwem, iniciar o quinto bloqueio naval àquela cidade. "O galeão Sacramento - escreveu em 2 de Agosto de 1641 o vice-rei Telo de Menezes, mencionando, pela primeira vez, o nome do navio - do contrato de Ruy Dias da Cunha está no Rio de Panelim, e posto que faz muita agoa, contudo procuro torna lo fazendo aforrar por vir sem esta obra porq o que tenho tambem metido muitos officiaes e confio em Nosso Sñor, que tambem possa navegar o verão que vem, ambos estes galiões são formozissimos, e ficando acabados serão os melhores q se virão neste estado, e ainda neste Reino" Que causa teriam levado o casco do galeão Sacramento a "fazer água" e a necessitar de "fabrico" pouco tempo depois de ter sido lançado à água? Seria má construção, má calafetagem, abandono do casco em seco, sob ardente Sol indiano, ou, então, qualquer acidente de viagem de Baçaim para Goa, em que foi rebocado por simples barcos a remos? O conde de Aveiras, em parte, responde a estas perguntas e ao iniciar que "acabou o galeão Sacramento tão falto de obras e em tal estado q no mesmo rio onde estava se hia a pique ao fundo cõ a muita agoa q fazia e por se não perder de todo, e cõ melhoria de settenta mil x.os que nesta embarcassão tinhã metido da faz.ª de V. Mag.de o mandei forrar, e fazer todas as mais obras de que necessitava cõ q ficou perfeissoado, e muito capaz de navegar..." Seguidamente o conde de Aveiras escreveu ao rei informando-o que "convê S.r q V. Mag.de cô a mesma brevidade nos socorros, fazendo o sempre em todas as monosoins, e nesta prim.ra cõ oito ou dez galeoins de forsa, ao menos, muito bastidos de gent de mar e guerra, artelharia, e dr.º p.ª sustento, assy da gente q nelles vier como para tripular dous muito gr.des e muito fermozos, hu de 80 pessoas e outro de 75 q fiz acabar depois que aqui cheguei, buscando p.ª isso dr.º prestados". De Lisboa não enviaram gente de mar e guerra para garnecer os novos galeões. Os galeões ancorados na Ribeira de Panelim era deveras prejudicial devido ao "damno que o bicho fazia nos galeons, pouco tempo depois o Sacramento mecessitava de urgentes reparações. De novo, em Novembro de 1643, voltou o conde de Aveiras a informar o Rei que o galeão Sacram.to q aqui há mais, feito em Baçaim, sahirá m.to bom, mas não está capaz de hir per ora p.ª a barra p.e nelle aver emtrado o guzano q hé em demasia neste rio, trato de o forrar, e cõ isso se fará delle o q V.Mage.de manda, se puder partir e a barra estiver desimpedida..." Havia a ideia de tornar o galeão Sacramento num dos mais fortes navios da época, dotando-o com as mais aperfeiçoadas técnicas e requesitos. propositadamente, com vistas a atemorizar os holandeses, fez espalhar o boato que o Sacramento seria o navio mais poderoso que, então, sulcara os mares do Oriente. Estas novidades fizeram com que os holandeses se alertassem, levando-os a desenvolver uma intensa campanha de espionagem à volta daquele navio, porém as informações que obtiveram, nem sempre seriam correctas, Umas indicavam que o galeão era muito bonito, de linhas finas, bem acabado, sendo do agrado geral e que, quando completamente artilhado, com 80 peças de bronze - que, conforme se dizia, tinham sido propositadamente fundidas - teria um poder de fogo verdadeiramente destruidor. Outras, porém frisavam que, para marcantes e técnicos navais, aquele galeão não era mais que "um sarilho de navio" ronceiro e difícil manobra. A título de curiosidade indica-se que, por estranho que pareça, as melhores informações que os holandeses obtiveram sobre o galeão Sacramento foram fornecidas directamente pelas autoridades portuguesas, quando enviado do governador de Batávia foi a Goa tratar das tréguas. Então o conde de Aveiras fez questão em lhe mostrar, em pormenor, o seu "fermoso galeão"! Não há nenhuma gravura do galeão Sacramento e só há a opinião do vice-rei Telo de Menezes que se tratava "do melhor navio jamais visto na Índia". Mas informações e curtos depoimentos documentais e pelo recurso ao "Livro das Traças de Carpintaria" de Manuel Fernandes e no "Livro Náutico", Quando um navio de carreira da Índia partia de Lisboa, o seu apresto era cuidadosamente preparado. Todos os mantimentos - matatolagem ou victualhas - como assim se dizia - necessários à longa viagem, eram acondicionados - avictualhados - nos respectivos porões; a água doce ou aguada, contida em pipas de carvalho, ficava num paiol próprio; os apetrechos náuticos armazenavam-se em paióis, a artilharia alojava-se nas suas baterias e, até o lastro - muitas vezes constituído por pedras aparelhada, pronta para ser utilizada nas construções de fortalezas e igrejas - era estivada no fundo dos porões com cuidados especiais. Mas, nas viagens de retorno, ao deixarem Goa, as naus vinham abarrotar em especiarias e outros produtos orientais que enchiam os porões e espalhavam-se por todos os recantos dos navios, chegando-se, algumas vezes, ao exagero de se suspenderem caixas, fardos e atados fora das bordas ou no painel de popa. O lastro era substituído, em grandes partes, por pipas de água doce, pelos canhões e, por vezes, até pela própria pimenta e mantimentos. A defesa dos navios era confiada, somente, a três ou quatro pesados canhões, montados no convés, na crença que o seu aspecto e poder destruidor fossem suficientes para afugentar ou afundar qualquer barco atacante. Além disso também se confiava que o tempo de aproximação dos navios inimigos permitiria põr em bateria as peças que estavam nos porões. Porém, na prática, nem sempre era possível e visível e, daí, a razão dos vários insucessos das pesadas naus da Índia, quando eram atacadas pelos ligeiros galeões holandeses. Quando, em 1646, o galeão Sacramento se aprontou para a sua viagem até Lisboa, certamente que não foi excepção. teria carregado os habituais 7000 a 8000 quintais de especiarias - ou sejam, entre 350 a 400 toneladas métricas - consentidas pelo "Regimento do Tratado das Drogas", mais meia centena de pesados canhões de ferro, e de bronze, fora a bagagem de passageiros e tripulantes, esta constituida, essencialmente, por pedras preciosas, pérolas, seda e pimenta. A artilharia normal de um galeão variava entre as 50 a 75 peças mas, para as grandes viagens, esse número era muito reduzido. Em várias relações de dotações de artilharia e munições das naus da carreira da Índia, as bocas de fogo andavam, em média, entre as 20 e as 30, os pelouros, normalmente osilavam pelos mil e a pólvora não ia além de 10 a 25 quintais. CONTINUA.....
Achamos e por bem inserirmos as imagens das duas primeiras armadas para Índia.Canhões e naus estiverem sempre de mãos dadas. A primeira sob o comando de Vasco da Gama e que viria a descobrir o "Caminho Marítimo para a Índia". Vasco da Gama o Capitão- Mor, saiu do Tejo a 8 de Julho de 147, com quatro naus e uma tripulação de 160 homens.
Vasco da Gama, na S. Gabriel;Paulo Gama (seu irmão) na S. Rafael; Nicolau Coelho na Bérrio - Gonçalo Nunes em uma nau com mantimentos. Sucessos desta armada: A gente da nau de Gonçalo Nunes, e os mantimentos que levava, depois de ter passado o Cabo da Boa Esperança, avante da aguada de S.Brás, se repartiram pelas outras da Companhia, e ela despejada lhe puseram o fogo. A nau de Paulo Gama, tornando para Portugal, varou em os baixos entre Quiloa e Mombaça, os quais chamam de S. Rafael, por respeito da nau que assim, se chamava, e a gente se reaortiu pelas duas da companhia. A nau de Nicolau Coelho, tornou a salvamento a Lisboa a 10 de Julho de 1499, e Vasco da Gama a 20 de Agosto do mesmo ano, havendo gastado na viagem 26 meses na viagem. Segunda armada: partiu Pedro Ãlvares Cabral para a Índia, em 9 de Março, por capitão de treze velas - naus,navios, caravelas, das quais com temporal rijo que lhe deu na travessia do Brasil, para o Cabo da Boa Esperança, se perderam quatro: e de todas estes eram capitães: Luis Pires - arribou a Portugal - Gaspar Lemos, de Santa Cruz, terra do Brasil, tornou a Portugal com a nova do descobrimento do dela; Pero Dias, com a tormenta foi ter a Mogadaxo, junto ao Cabo de Guardafui, e à tornada se encontrou com Pedro Álvares Cabral no Cabo Verde; Vasco Ataíde, perdido na tormenta, com Pedro Álvares Cabral, Nicolau Coelho e Nuno Leitão; Simão Miranda: abalroou na tormenta com Pedro Alvares Cabral e milagrosamente se salvaram; Aires Gomes da Silva, perdido na tormenta; Simão de Pina, perdido na tormenta. Sancho de Tovar, em tõrnada para Portugal se perdeu com o vento rijo travessão em um baixo perto da costa de Melinde, e depois de toda a gente ser salva lhe puseram fogo, Bartolomeu Dias, perdido na tormenta. Como se pode verificar a armada de Pedro Álvares Cabral, que viria a ser descoberto o Brasil nenhuma das naus conseguiu chegar à Índia.José Martins
P.S. Fontes: "Manuel Bocarro o Grande Fundidor" de N.Valdez dos Santos - "Memórias das Armadas" - Edições Mar-Oceano - Macau 1990 . Organização Introdução e Notas de João C. reis

 

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