o mar do poeta

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segunda-feira, novembro 8

1519 - Moctezuma encontra Hernán Cortés, a quem acreditava ser o deus Quetzalcoatl



Moctezuma II (também chamado Motecuhzoma Xocoyotzin) (1466-1520) foi um governante (tlatoani) asteca. Seu governo iniciou por volta de 1502 e findou em 1520.

Nota: - a grafia Montezuma, para designar este imperador, é a mais difundida. Diversas cidades norte-americanas, têm este nome em homenagem ao Imperador Asteca, no Brasil a cidade mineira de Montezuma homenageia Francisco Jê Acaiaba de Montezuma, primeiro e único visconde de Jequitinhonha, ele e muitos adoram o nome do nobre Asteca.

Nome

Algumas vezes é chamado apenas de Moctezuma. Montezuma é uma forma antiga de denominação, ao passo que Moctezuma tem sido usado pela língua espanhola. Motecuhzoma é seu nome original no idioma nahuatl, e significa "ele, que se torna governante por sua cólera". Vem da junção de mo = terceira pessoa (indicando posse); tecuhtli, "senhor"; e zoma, "zangado" ou "de olhar carrancudo". O uso de "segundo" é para distingui-lo de outro Moctezuma (chamado de Moctezuma I). Outra forma de diferenciá-los é que "Moctezuma I" era chamado Motecuhzoma Ilhuicamina (em nahuátl = "solitário que lança uma flecha ao céu"), enquanto "Moctezuma II" era chamado Motecuhzoma Xocoyotzin (Xocoyotzin significa "o honrado ").

Antecedentes

Moctezuma II, herdeiro de Auitzotl, era o governante da cidade de Tenochtitlán. Sua personalidade era mais a de um literato (em nahátl, tlatimine) que a de um guerreiro. Ele era um sacerdote e chefe da Calmecac, a escola das classes superiores. Era visto como um semideus.

Em 1502, depois de assumir o poder, ele demitiu a maioria das autoridades e substituiu-as por ex-alunos seus. Para se distanciar das pessoas comuns criou um elaborado ritual, que intriga os estudiosos. Ele criou um templo especial, dedicado aos deuses das cidades conquistadas, no inteior do templo de Huitzilopochtli. Durante seu reinado, ele aumentou o poder da cidade de Tenochtitlán para, posteriormente, dominar as cidades irmãs de Texcoco e Tlatelolco.

O seu reinado ficou marcado por duas rebeliões de tribos conquistadas, mas preocupou-se pouco em as apaziguar e entregou-se largamente ao aspecto religioso do seu estado. Muito versado nas lendas tradicionais, ao receber a noticia do desembarque de Hernan Cortez, convenceu-se de que o deus Quetzalcoatl tinha regressado conforme este profetizara nas lendas Toltecas, para destruir os povos mexicanos. É que este deus, havia prometido voltar, como sendo um homem de barba...e assim era Cortez.

Contato com os espanhóis

Diz uma lenda que surgiram oito sinais, nos dez anos anteriores à chegada dos conquistadores espanhóis, indicando que o império asteca entraria em colapso:

um cometa apareceu no céu durante o dia.

uma coluna de fogo (possivelmente o cometa) apareceu no céu noturno.

o templo de Huitzilopochtli foi destruído pelo fogo.

um raio atingiu o templo de Tzonmolco.

Tenochtitlán sofreu uma inundação.

estranhas pessoas com várias cabeças porém um só corpo foram vistas caminhando naquela cidade.

uma mulher foi vista pranteando lamúrias pelos astecas.

um estranho pássaro foi capturado. Quando Moctezuma fitou seus olhos, que funcionavam como espelhos, ele viu estranhos homens aportando à costa.

Na primavera de 1519, ele recebeu as primeiras notícias de estranhos chegando à costa de seu império. Moctezuma enviou um embaixador com duas roupas, uma do deus Tlaloc, e outra do deus Quetzalcoatl. Cada um destes deuses astecas tinha seus atributos: Tlaloc tinha uma máscara que fazia parecer que usasse óculos; já Quezalcoatl tinha uma máscara com uma barba.

O embaixador asteca, ao ver o espanhol Hernán Cortés, achou que o conquistador tinha os atributos de Quezalcoatl, e vestiu-o como o deus. Em seguida, informou Moctezuma a respeito. Cortés decidiu marchar até Tenochtitlán. Moctezuma tentou evitar sua aproximação mandando mais presentes, porém a miragem do ouro era irresistível para os espanhóis. Moctezuma também enviou mágicos, sacerdotes, e mesmo um de seus embaixadores, Tzihuacpopoca, que fingiu ser o imperador. Moctezuma enviou ainda mais presentes quando Cortés se aproximou de Tenochtitlán. O contador do reino asteca registrou:

- Eles deram aos espanhóis peças de ouro, penugens da ave quetzal e gargantilhas de ouro. E quando lhes deram isso, suas faces eram de sorrisos, eles (os espanhóis) estavam maravilhados(...).

A 8 de Novembro de 1519, Moctezuma encontrou Hernán Cortés, a quem acreditava ser o deus Quetzalcoatl. Quando Cortés chegou em Tenochtitlán, Moctezuma presenteou-o com flores de seu próprio jardim, que era a mais alta honraria que poderia oferecer. Cortés ordenou-lhe que suspendesse todos os sacrifícios humanos: Moctezuma concordou, o sangue do templo foi lavado, e as imagens de deuses astecas foram substituídas por ícones do cristianismo. Moctezuma até mesmo concordou em ser batizado e declarou-se um súdito do rei Carlos I da Espanha. Moctezuma recebeu Cortez no palácio de Axayacatl com todos os seus homens e 3000 indígenas aliados.

Justa indignação


Montezuma II.Relata-se que, depois de submeter-se aos espanhóis, Montezuma estudava cuidadosamente a religião cristã, possivelmente com o fim de incluir sua figura maior, o Cristo, no panteão de deuses que adorava.

Ao ser informado sobre a cerimônia da eucaristia explodiu indignado diante de Cortês :

Mas quem és tu, vil criatura humana como eu, que te permites comer a carne de deus e beber o seu sangue ?!

Pode-se compreender a indignação do imperador já que, ao contrário dos cristãos, os astecas ofereciam o seu sangue e o seu coração aos seus deuses, tomando Cortês como um monstro que se permitia devorar seu deus.

Embora houvesse muita boa vontade por parte de Montezuma em aceitar a religião que se lhe impunha, havia enorme dificuldade de compreendê-la, pois, como homem muito religioso, desejava sinceramente convencer-se. Em outra ocasião, conta-se, teria verbalizado a seguinte confusão :

Se os homens de sua tribo sacrificaram Cristo para o seu deus, por que adoram a ele, vítima sacrificial, e não ao próprio deus ?

Após a morte de Moctezuma

Os sacerdotes de Montezuma previram a chegada de Cortés, em 1519, como a volta do legendário deus-rei Quetzalcóatl, vindo do leste. Isto causou uma certa hesitação e indecisão de sua parte, explorada por Cortés, que o fez refém e forçou-o a negociar com seu povo. Devido à sua proposta de instituir o pagamento de tributos à Espanha, foi deposto em 1521 e atacado pelos espanhóis. Foi ferido, morrendo três dias depois, tendo sido sucedido por Cuitláhuac.

Cuitláhuac morreu pouco tempo depois de varíola, e foi substituído pelo sobrinho de Moctezuma, Cuauhtémoc, um jovem de 19 anos, que sempre se opôs aos espanhóis. Ele conclamou o povo asteca a resistir de qualquer maneira, mas no ano seguinte, em 1522, o Império Asteca já sucumbira totalmente ao controle espanhol. Durante o período da conquista, a filha de Moctezuma, Techichpotzin, se tornou a herdeira da riqueza do rei, recebendo o nome cristão de "Isabel". Posteriormente se casou com vários espanhóis.



                                                        Palácio de Moctezuma
 
 
 
Hernán Cortéz e o Império Asteca


Túlio Vilela*





Retrato de Hernan Cortez, que comandou a conquista do México

Antes da chegada de Colombo à América, os astecas já haviam criado um dos maiores impérios que o continente americano conheceu até então. Esse poderoso império se mantinha com os altos impostos arrecadados entre os vários povos vizinhos que estavam sob seu domínio.

Em 1519, quando os soldados espanhóis, liderados pelo oficial Hernán Cortés (1485-1547), chegaram pela primeira vez à região que hoje é o México, eles, os espanhóis, não passavam de um grupo com apenas pouco mais de quinhentos homens. No entanto, isso não impediu que, em um tempo relativamente curto, eles derrotassem e conquistassem o então poderoso Império Asteca, cuja capital, Tenóchtilán, era mais populosa que qualquer grande cidade europeia na mesma época.

Apesar de estarem em número muito inferior ao dos astecas, os espanhóis saíram vitoriosos. A história da conquista do Império Asteca costuma despertar a seguinte pergunta: "Como tão poucos homens conseguiram vencer e conquistar um império?". Vamos tentar respondê-la.

Armas superiores



Os espanhóis possuíam armas de fogo (mosquetes, canhões, arcabuzes, bacamartes...), algo de que os astecas não dispunham. Sem dúvida, as armas de fogo usadas pelos espanhóis tinham grande poder destrutivo e de intimidação. No entanto, esse fato não é suficiente para explicar a derrota dos astecas para os espanhóis.

Se comparadas às armas de fogo dos dias de hoje, as daquela época apresentavam uma série de desvantagens: enguiçavam com facilidade (uma arma podia até estourar nas mãos de seu dono, ferindo-o); não funcionavam debaixo da chuva; eram difíceis de recarregar (a troca de munição era uma tarefa demorada e complicada) e não tinham o mesmo poder de precisão que as flechas usadas pelos inimigos.

O exército liderado por Cortéz contava com apenas quatorze canhões, que também eram pouco eficazes se comparados aos atuais e apresentavam os mesmos riscos que as espingardas e arcabuzes. Portanto, Cortéz e seus homens nem sempre podiam contar com essas armas de fogo. Muitas vezes, para os soldados espanhóis, a habilidade como espadachins podia ser mais importante na decisão de uma luta.

Cavalos supreendem os astecas



Sabe-se que os espanhóis surpreenderam os indígenas ao aparecerem montados em cavalos, animais que eram desconhecidos na América até então. Mas, passada a surpresa inicial, os indígenas deixaram de ver os cavalos com estranheza. Sem dúvida, o uso dos cavalos oferecia várias vantagens no campo de batalha: os cavaleiros espanhóis podiam atacar e se mover com mais velocidade que os guerreiros astecas, que lutavam a pé.

No entanto, o exército de Cortéz dispunha de pouquíssimos cavalos: apenas dezesseis. Ou seja, uma quantidade muito pequena para considerar o uso dos cavalos como um dos principais fatores para a derrota dos astecas.

Os astecas construíram e mantiveram seu império fazendo uso de extrema violência. Atacaram e dominaram diversos povos vizinhos, dos quais cobravam altos impostos. Prisioneiros de guerra ou habitantes dos territórios conquistados eram sacrificados nos altares dos templos astecas.

Por isso, não é de surpreender que os astecas tivessem vários inimigos dentro do seu próprio império. Cortéz percebeu as divisões que existiam dentro do Império Asteca e soube tirar proveito do rancor que esses povos dominados tinham em relação aos dominadores.

Sem a ajuda desses aliados, Cortéz jamais ou muito dificilmente teria conseguido vencer os astecas. Assim, estima-se que o exército liderado por Cortéz, que contava com poucas centenas de homens, foi reforçado com o apoio de mais de milhares de guerreiros indígenas.

Inicialmente, os espanhóis foram vistos por esses povos aliados como libertadores, como aqueles que iriam libertá-los do domínio asteca. Após a derrota dos astecas, esses povos perceberam que apenas haviam trocado de senhor: deixaram de ser dominados pelos astecas e foram submetidos pelos espanhóis.

Doenças

Sem dúvida, as doenças trazidas pelos espanhóis contribuíram para a derrota do Império Asteca. Dentre essas doenças estavam o sarampo, a gripe (para a qual, os indígenas do continente americano não possuíam anticorpos) e a varíola, que se tornou uma epidemia. O último imperador asteca foi vítima da varíola: reinou apenas oitenta dias.

Nesse sentido, involuntariamente, os espanhóis foram uma espécie de "precursores da guerra bacteriológica". As doenças que eles trouxeram se constituíram em verdadeiras "armas biológicas", dizimando grande parte da população indígena.

No entanto, as doenças não podem ser consideradas a mais importante causa da derrota dos astecas. Afinal, se os astecas não tinham defesas para essas doenças, os indígenas que se aliaram aos espanhóis também não tinham. As doenças que os espanhóis trouxeram vitimavam tanto inimigos quanto aliados.

Informação: arma poderosa




Numa guerra, a informação pode ser a arma mais valiosa. Conhecer bem o inimigo costuma ser uma grande vantagem estratégica. Os espanhóis obtiveram essa vantagem em relação aos astecas e souberam explorá-la muito bem. Cortéz contou com a ajuda de guias e intérpretes, por meio dos quais obteve muitas informações a respeito da situação do Império Asteca.

Antes de chegarem ao México, Cortéz e seus soldados estavam em Cuba. Isso porque a colonização espanhola em terras americanas teve início nas ilhas do Caribe e das Bahamas. Como havia ouro nessas ilhas, os espanhóis acreditavam que esse metal deveria existir em grande quantidade em todo o continente americano. Assim, Cortéz partiu de Cuba e desembarcou no litoral do que hoje é o México.

Pouco após a sua chegada, encontrou duas pessoas que lhe foram muito úteis: Jerônimo Aguilar, um náufrago espanhol, e Malinche, uma jovem indígena. Aguilar havia sido prisioneiro dos maias na península de Yucatán e conhecia a língua maia, que era um dos idiomas falados no Império Asteca.

Malinche era uma das vinte jovens prisioneiras que foram oferecidas como presente pelos indígenas a Cortéz quando ele chegou a Tabasco, uma das várias províncias do Império Asteca. Ela odiava os astecas, de quem pretendia se vingar. Não se sabe ao certo a qual povo específico Malinche pertencia, mas é provável que fosse de origem nahua, povo que habitava a região central do México e que, provavelmente, se originou no que hoje é o sudoeste dos Estados Unidos.




Fonte - Investigação histórica

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