o mar do poeta

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quinta-feira, março 11

NAVIO MACMOSA EM MACAU 1988


Este navio tinha sido construido em 1967 nos estaleiros da Harland & Wolff Lda. Em Belfast na Irlanda do Norte e destinava-se à companhia Belfast SS Co. que o denominou USLTER PRINCE e que passou a fazer carreiras entre os portos de Liverpol e Belfast, tinha 4600 toneladas e media de comprimento 115,20 metros podia transportar num total de 1010 passageiros sendo 274 em 1a. classe, 138 em cabines de 2a. classe e 598 em lugares de 2a. classe sentados.
Em 1971 passou a pertencer à frota da P&O ferries e com o encerramento das carreiras entre Liverpol e Belfast este navio foi vendido em 1983 para a companhia Marlines que o rebatizou de LADY M.Depois seguiram-se outras companhias e outros armadores tendo tido vários nomes tais como TANGPAKORN E LONG HU antes de chegar a Macau.


Prestava serviço no Terminal Marítimo como Chefe de Sector quando em 1988 o navio foi adquirido pela Shun Tak Shipping Co. uma afiliada da STDM, “Sociedade de Turismo e Diversões de Macau”, da qual era proprietário o magnata dos casinos Dr. Stanley Ho.
Quando chegou foi motivo de orgulho do armador, pois pensava que iria fazer um óptimo negócio transportando passageiros da Formosa para Macau.
Políticamente tal podia ser feito graças à recente abertura da RPC. Macau ainda não tinha aeroporto como tal o projecto parecia viável.
Convidado para a viagem inaugural pelo armador, o magnata dos casinos Dr. Stanley Ho, declinei o convite que se extendeu aos agentes da PMF e PSP em serviço no Terminal Marítimo, autoridades marítimas e pessoal do Comando da PMF e jornalistas.
Eu declinei o convite por várias razões, a primeira porque tinha passado vistoria ao navio e não tinha gostado do seu interior, era um navio bastante velho que tinha sido recuperado à última da hora e o cheiro das tintas ainda intoxicava.



A segunda razão porque necessário seria pedir um visto de entrada ao governo de Taiwan e a terceira razão prendia-se que não gostava de fazer a viagem com o pessoal da PMF que nada tinha a ver com o Terminal Marítimo.
No dia da partida houve um grande festejo e a televisão deu grande cobertura ao acontecimento assim como toda a imprensa de Macau e de Hong-Kong.
Muitos agentes fizeram-se acompanhar de suas esposas. Eu ainda assisti ao embarque dos passageiros e aos comes e bebes a bordo.
O navio largou debaixo da queima de uma enorme fita de panchões, para dar mais sorte.
A viagem tinha a duração prevista para catorze horas, mas no meio do caminho foi supreendido por um enorme temporal. Nas proximidades circulava um fortíssimo tufão e então foi a carga de trabalhos.
O navio “Macmosa”, embora se tratasse de uma embarcação grande, não resistia às altas vagas, mergulhando nas ondas e balançando perigosamente, pondo em perigo os passageiros que apavorados choravam e vomitavam por todo o lado.

Contou-me um amigo meu jornalista que o seu camarote ficara todo desfeito com o mau tempo, primeiro o beliche onde se encontrava a dormir e depois o lavatório e canalização, falou que teve imenso medo mas que só não enjoou devido a ter bebido uma garrafa de brandy.
Todos os passageiros foram obrigados a vestir o colete de salvação e passando um muito mau bocado, finalmente lá conseguiram aportar a uma cidade no sul da Formosa.
O navio teve que entrar no estaleiro para reparações e o pessoal que alegremente tinha embarcado para a viagem inaugural do “Macmosa” regressou a Hong-Kong de avião seguindo de jetfoil para Macau.
Começara com azar a exploração desta nova rota maritima Macau-Formosa!…Encontrava-me no Terminal Maritimo quando chegou a primeira leva de passageiros do “Macmosa”, sem a presença da televisão ou de quaisquer jornalistas para fazerem a cobertura, devido ao facto de desconhecerem o dia e hora da chegada dos passageiros.
Estes vinham ainda apavorados e os seus comentários eram pouco abonatórios sobre a experiência vivida embora tivessem viajado de “borla” eram unanimes em nunca mais desejarem utilizar o “Macmosa” depois do que tinham passado.
No entanto um deles, talvez para ser diferente dos outros, declarou ter até achado piada ao sucedido dizendo ser um “velho lobo do mar” e como tal acostumado aquelas andanças.
Na verdade não passava de um “mero cordeirinho” e segundo me referiu o meu Adjunto, o tal individuo que era nosso superior nos quadros da PMF, for a dos primeiros a chorar e a vomitar por todo o lado…
A exploração das viagens maritimas entre Macau e Formosa tinha começado da pior forma e as viagens seguintes, embora feitas com bom tempo, não tiveram passageiros pois poucos se aventuravam ou atreviam a realiza-la.
Os naturais da Formosa, previsto serem os principais clientes para este tipo de serviço, perferiam a viagem de avião com escala em Hong-Kong.





Volvidos uns anos o “Macmosa” tornou a mudar de armador sendo vendido para a Hellenic Mediterranea Lines e passou a chamar-se NEPTUNIA.
Em 1995 passou a pretencer à frota da Hellenic Orient Lines e ficou com a designação de PHANTER efectuando viagens entre os portos de Bari e Cesme.
Em 2000 já na posse da Superferries passou a designar-se VATAN e nesse mesmo ano passou de mãos e foi registado no Panamá pela Manar Marine Service Inc., que lhe deu o nemo de MANAR.
No ano de 2001 foi comprado pela Al Thuraya Marine Service Co. Llc sediada em Dubai passando a fazer as ligações entre Portrashid e Umm Qars no Iraque.
Pelos visto este velho navio continua a fazer história pois foi o primeiro navio mercante a atracar a portos no Iarque depois do conflito.
Aqui deixamos um pequeno relato e historial deste navio, que podia ser mais rico em pormenores sobre a viagem inaugural se fosse escrito por alguém que tivesse vivido aquela triste e perigosa experiência!


Foi mais ou menos assim como apresenta este video, porém, este navio ao é o Macmosa.
Aqui ficam alguns artigos publicados na altuta pelo Jornal Tribuna de Macau.

O ferry Macmosa, transportando uma centena de convidados a bordo, partiu de Macau para a cidade portuária de Kaohsiung, na primeira ligação marítima directa com a Formosa desde 1950. O empreendimento visa captar o mercado turístico da Formosa e resulta de uma joint venture entre a companhia marítima Shun Tak uma associada da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), que explora as ligações de ferry entre Macau e Hong Kong — e o grupo da Formosa Hwang Chyau Fwu, implantado em Hong Kong e interessado em alargar a sua actividade a Macau.
O Macmosa”, um navio de 4.200 toneladas e 104 metros de comprimento, que operava na linha entre Hong Kong e o Porto de Swaton, na vizinha província chinesa de Guangdong, iniciará as carreiras regulares no final de Setembro.

O ferry, baptizado Macmosa, evocando o nome de Macau e da ilha Formosa, descoberta pelos navegadores portugueses no século XVI, tem 117 tripulantes e pode transportar 550 passageiros. O Macmosa, adquirido por cerca de 160.000 contos, efectua em 24 horas o percurso de 390 milhas náuticas entre Macau e Kaohsiung, o maior porto internacional da Formosa, situado na costa sul da ilha.
As carreiras entre Macau e Kaohsiung terão lugar duas vezes por semana e os preços de uma viagem de ida ou regresso variam entre 850 patacas, 700 patacas e 550 patacas. A nova linha marítima procura escoar os mais de 100.000 turistas da Formosa que aguardam oportunidade de obter visto e transporte rápido para se deslocarem à República Popular da China.
In Jornal de Macau e Tribuna de Macau 20.09.1988
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MACMOSA FICOU RETIDO A REPARAR NA FORMOSA

A aproximação da tempestade tropical Lee da Formosa e a necessidade de efectuar reparações no ferry-boat Macmosa levaram ao cancelamento da viagem de regresso a Macau que este barco de passageiros deveria efectuar a partir de sexta-feira. O ferry-boat, que na terça-feira fez a sua viagem inaugural, ligando Macau à Formosa, está em reparação no porto de Kaosiung, devido aos estragos sofridos ao ser atingido pelo tufão Lee.
O Macmosa” chegou ao porto da Formosa com 19 horas de atraso após ter percorrido mais 80 das 390 milhas previstas, para tentar escapar ao tufão Kit” que fustigou o estreito da Formosa. Mesmo assim, o ferry-boat foi apanhado pelo mau tempo com vagas de sete metros, rajadas de vento intensas e chuva forte, provocando o enjoo da maioria dos 170 convidados desta viagem inaugural.

O mau tempo provocou ainda estragos no interior do ferry-boat que apenas começará a efectuar carreiras regulares a partir de Outubro, depois das autoridades marítimas de Macau efectuarem uma nova visita.
A agência Lusa apurou que a vistoria efectuada pelos responsáveis dos Serviços de Marinha de Macau, antes da viagem inaugural, apontara para a necessidade de se proceder a melhoramentos no interior do barco, para proporcionar comodidade e segurança. Os mais de cem convidados para esta viagem inaugural regressaram a Hong Kong, num voo fretado, uma vez que se desconhece quando o Macmosa poderá efectuar a sua viagem para Macau.
(Jornal Tribuna de Macau)

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é meu amigo, este navio teve mais nomes e mudou mais vezes de dono, que eu de camisa!... hehehehehhe... Sempre com estas surpresas, obrigado Padrinho.

Aquele abraço

Arménio Cruz